A Liderança Comunitária e a Eleição de Diretores Escolares:
A Educação Acima de Interesses Políticos
A educação é a base do desenvolvimento de qualquer sociedade. No entanto, quando a escolha de líderes escolares é pautada por interesses de grupos ou por disputas políticas, o objetivo principal da escola – proporcionar um ensino de qualidade – fica em segundo plano. Nesse contexto, a liderança comunitária desempenha um papel fundamental em orientar a gestão escolar para a busca por metas, indicadores e resultados educacionais sólidos, livre de influências alheias ao interesse público.
O líder comunitário tem o poder de mobilizar a sociedade para que a escola seja um espaço de transformação social. Mas essa responsabilidade deve ser exercida com foco em garantir que a gestão escolar seja ocupada por profissionais competentes e comprometidos com a educação, e não por indivíduos cuja prioridade seja agradar grupos políticos ou perpetuar interesses partidários. Escolher um diretor escolar é muito mais do que uma questão de popularidade; trata-se de selecionar um gestor capaz de liderar com eficiência, implementar políticas educacionais e alcançar resultados concretos.
Quando a eleição de diretores é dominada por articulações políticas e interesses de pequenos grupos, o ambiente escolar corre o risco de se tornar uma extensão de disputas externas, prejudicando o foco na qualidade do ensino. Diretores eleitos sob essas condições podem priorizar agradar suas bases eleitorais em vez de promover melhorias no desempenho dos alunos, no desenvolvimento pedagógico ou na gestão de recursos. Isso compromete não apenas os objetivos educacionais, mas também o futuro das crianças e adolescentes que dependem da escola para seu crescimento intelectual e social.
A liderança comunitária, ao contrário, deve ser uma aliada na construção de uma gestão escolar focada em metas e indicadores. Ela deve cobrar transparência, qualificação técnica e compromisso dos gestores escolares, assegurando que as decisões sejam tomadas com base no que é melhor para a comunidade escolar como um todo. Isso significa incentivar processos de seleção que valorizem a formação acadêmica, a experiência em liderança e a capacidade de gerar avanços na qualidade do ensino.
A escola precisa de gestores que entendam a importância de sua missão educacional e saibam atuar de forma independente, sem subordinação a interesses políticos. Uma boa gestão escolar é aquela que coloca os alunos no centro de todas as decisões, que busca constantemente melhorar os indicadores de aprendizado e que entende a educação como um processo contínuo de evolução.
Para que isso aconteça, é fundamental que líderes comunitários assumam sua responsabilidade como agentes de transformação. Eles devem ser vozes ativas na defesa de uma gestão escolar baseada na meritocracia e na busca por qualidade, rejeitando qualquer tentativa de politização do ambiente educacional.
A liderança comunitária e a escola têm um objetivo comum: construir uma sociedade mais justa, inclusiva e educada. Alcançar esse objetivo exige que todos os envolvidos – gestores, professores, alunos e a comunidade – trabalhem juntos para colocar a educação acima de interesses pessoais ou políticos. Somente assim será possível garantir que nossas escolas sejam espaços de excelência, comprometidos com o futuro de nossas crianças e jovens.
Carlos Leonardo Campos
Ex-presidente da ADIRES, ASSOCIAÇÃO DE DIRETORES DE ESCOLAS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.