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Selic a 17,5%: Impactos Econômicos e a Ameaça de Instabilidade Política no Governo Lula

Selic a 17,5%: Impactos Econômicos e a Ameaça de Instabilidade Política no Governo Lula

A possibilidade de a taxa Selic atingir 17,5% ainda no primeiro bimestre de 2025 levanta uma série de preocupações econômicas e sociais que podem colocar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva sob intensa pressão.

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A possibilidade de a taxa Selic atingir 17,5% ainda no primeiro bimestre de 2025 levanta uma série de preocupações econômicas e sociais que podem colocar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva sob intensa pressão. Além de afetar profundamente o dia a dia das famílias e das empresas, tal cenário traria desafios políticos significativos, aumentando as críticas à condução econômica e potencialmente, agravando a instabilidade no país.

Um contexto econômico preocupante

A alta expressiva da Selic teria como objetivo principal conter a inflação, que continua pressionada por fatores internos, como desajustes fiscais, e externos, como a instabilidade no mercado internacional. Contudo, os custos dessa política monetária seriam enormes:

1. Estagnação econômica: Com juros tão altos, o Brasil estaria à beira de uma recessão técnica, já que o consumo e os investimentos seriam drasticamente reduzidos. Setores como varejo, construção civil e indústria, que dependem de crédito acessível, enfrentariam retrações imediatas.

2. Dívida pública em alta: O aumento nos custos para financiar a dívida pública agravaria o desequilíbrio fiscal. O governo, que já enfrenta dificuldades para viabilizar investimentos sociais e em infraestrutura, veria seu orçamento ainda mais comprimido.

3. Aumento do desemprego e desigualdade: A desaceleração econômica levaria a cortes nos quadros de funcionários das empresas, ampliando o desemprego e aumentando a desigualdade social, com impactos diretos na base eleitoral do presidente.

Efeitos políticos: um teste ao governo Lula

A elevação da Selic nesse nível poderia ser explorada por críticos do governo como um sinal de incompetência econômica ou descompasso entre o Executivo e o Banco Central. Algumas das principais consequências políticas incluem:

1. Pressão sobre a política econômica:
O governo Lula, que já enfrenta dificuldades em implementar uma agenda econômica alinhada com suas promessas de crescimento e inclusão social, seria ainda mais pressionado. A narrativa de que o Banco Central tem uma postura excessivamente austera poderia alimentar conflitos institucionais e desconfiança entre investidores.

2. Aumento da insatisfação popular:
Com o desemprego em alta, crédito caro e um custo de vida ainda elevado, a população sentiria os efeitos diretamente. Protestos e manifestações contra o governo, já alimentados por grupos de oposição, poderiam ganhar força, especialmente em meio à classe trabalhadora e a setores que esperavam mais resultados da gestão Lula.

3. Polarização exacerbada:
A oposição, especialmente a ligada à direita, teria material para fortalecer ataques contra o governo. Lula, já criticado por falta de clareza em algumas ações econômicas, seria acusado de não conter a inflação ou de permitir uma recessão. A desconfiança institucional aumentaria, com a economia sendo usada como arma política em um ambiente já polarizado.

O papel do Banco Central e a percepção de autonomia

O Banco Central, sob Roberto Campos Neto, tem sido alvo de críticas do presidente Lula desde o início do governo, especialmente em relação à manutenção de juros altos. Uma Selic de 17,5% intensificaria esse embate. A narrativa de que a política monetária age de forma autônoma, mas sem coordenação com o Executivo, seria reforçada, prejudicando a percepção de estabilidade do governo.

Esse conflito poderia também minar a confiança de investidores internacionais, já que divergências internas tendem a gerar insegurança no mercado financeiro. Além disso, a percepção de que o governo é incapaz de negociar uma agenda unificada para controle da inflação e estímulo ao crescimento poderia afastar capital estrangeiro.

A escalada da instabilidade política e social

A soma dos fatores econômicos com as críticas políticas pode levar o Brasil a um cenário de instabilidade social. Com manifestações populares, perda de confiança em instituições e aumento da polarização, o ambiente político se tornaria ainda mais hostil.

1. Reação popular: O impacto direto sobre o poder de compra e o desemprego pode resultar em protestos, especialmente entre os mais afetados pela crise econômica. A classe média e baixa, que já enfrenta dificuldades, tenderá a vocalizar sua insatisfação.

2. Fragilidade da base aliada: A insatisfação popular também poderia enfraquecer a base parlamentar do governo, dificultando a aprovação de medidas para conter os impactos da crise. A oposição usaria o momento para obstruir avanços e desgastar ainda mais a imagem de Lula.

3. Riscos à governabilidade: A alta da Selic pode reforçar uma sensação de desgoverno, criando espaço para a ampliação da narrativa de que o atual governo é incapaz de equilibrar crescimento econômico com controle inflacionário.

O que fazer? Caminhos para evitar o pior

Diante de um cenário tão desafiador, o governo precisaria tomar medidas urgentes para minimizar os impactos da alta da Selic e evitar a escalada de instabilidade política e social:

1. Diálogo institucional: Trabalhar para reforçar a coordenação entre o Banco Central e o Executivo, reduzindo as divergências públicas e demonstrando uma estratégia conjunta para equilibrar crescimento e estabilidade.

2. Reformas estruturais: Avançar em reformas que gerem confiança no mercado, como a reforma tributária, e adotar medidas de ajuste fiscal para reduzir o impacto da alta da Selic na dívida pública.

3. Políticas compensatórias: Ampliar programas de transferência de renda e subsídios temporários para proteger as famílias mais vulneráveis, evitando a deterioração do apoio popular.

Conclusão

A Selic a 17,5% no início de 2025 representaria um grande teste à capacidade de liderança e articulação do governo Lula. Os efeitos econômicos imediatos, como recessão e desemprego, poderiam alimentar uma crise política que colocaria em xeque a governabilidade.

No entanto, com uma estratégia clara, diálogo institucional e foco em políticas que protejam os mais vulneráveis, é possível minimizar os danos e reforçar a confiança no governo. Sem essas ações, o Brasil pode entrar em um ciclo de instabilidade econômica e social que comprometeria não apenas a gestão atual, mas o futuro do país.

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